MARCELO PORTELA - Agência Estado -
O Estado de São Paulo - 19/03/2013 - São Paulo, SP
Estudantes da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) podem
ser expulsos da instituição por causa de um trote considerado
racista e com apologia ao nazismo. Essa é uma das penalidades
previstas pela comissão de processo administrativo-disciplinar
criada nesta terça-feira pela universidade para apurar o caso.
O trote ganhou
repercussão após estudantes divulgarem fotos em redes sociais
da internet mostrando uma aluna pintada de preto, acorrentada e com um
cartaz pendurado no pescoço com a inscrição `caloura
Chica da Silva`. Era uma referência a Francisca da Silva de Oliveira,
escrava alforriada que viveu com um rico comerciante de diamantes no
século XVIII na atual Diamantina (MG). Uma segunda foto mostra um
calouro amarrado a uma pilastra com estudantes fazendo a
saudação nazista ao seu lado.
Segundo a
assessoria da UFMG, a comissão, integrada por professores e
funcionários administrativos da instituição, tem 30
dias para dar um parecer sobre o caso. A expulsão é a
penalidade mais grave, mas o regimento da universidade prevê
também a possibilidade de os estudantes receberem advertência
ou serem suspensos por um período de dez a 30 dias.
A
repercussão do trote também mobilizou diversas entidades.
Aproximadamente 300 pessoas participaram na tarde desta terça de
reunião promovida pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livre
(Anel) e pelo Movimento Mulheres em Luta (MML) no Centro Acadêmico
Afonso Pena (CAAP), localizado na Faculdade de Direito da UFMG. Os
estudantes divulgaram uma carta de repúdio contra o trote
`respaldado pelas diversas opiniões manifestadas pelo corpo
discente`.
O documento afirma
também que o Centro Acadêmico `repudia veementemente`
também `o assédio virtual que tem recaído sobre os
protagonistas das fotos`. `Devem ser respeitados os direitos individuais de
todos os envolvidos`, afirma o texto. Nova reunião estava prevista
para ocorrer na noite desta terça, na Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas (Fafich), no campus da UFMG.
Na segunda-feira
(18), a direção da universidade já havia divulgado
nota, assinada pelo reitor Clélio Campolina e pela vice-reitora
Rocksane Norton, na qual `repudia quaisquer atos de violência,
opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros
da comunidade universitária, em particular aqueles relacionados aos
chamados ``trotes`` aplicados aos novos estudantes`.
0 comentários:
Postar um comentário