segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dificuldade em conciliar estudo e trabalho eleva índices de reprovação.


Dificuldade em conciliar estudo e trabalho eleva índices de reprovação
DO G1 RS - G1 GLOBO.COM - 15/09/2012 - RIO DE JANEIRO, RJ

O abandono e a repetência provocam elevadas taxas de distorção entre a idade dos alunos e a série cursada nas escolas do país. Pelo menos 34% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente à sua idade. Entre os motivos está a dificuldade em conciliar o trabalho com os estudos, como mostra a reportagem do RBS Notícias.
Os estudantes André Paulo Bueno e Tainara Luciane Burnier são retratos deste panorama. Eles compartilham a sala de aula e uma trajetória escolar com dificuldades. Uma delas é o atraso causado pela repetência: com 19 anos, os dois ainda cursam o 1º ano do Ensino Médio, quando já deveriam ter concluído esta etapa de aprendizagem.
“Rodei na 8ª série. Me arrependo de não ter me esforçado mais”, conta Tainara. Ela e André Paulo estudam na Escola Estadual Ensino Médio 9 de Outubro, em Portão, no Vale do Sinos, Rio Grande do Sul. Dividem as aulas à noite com o trabalho durante o dia. “Já perdi vaga de emprego por não ter completado o Ensino Médio ainda”, lembra André Paulo.
Quando precisam conciliar trabalho com estudos, os alunos podem enfrentar problemas de rendimento. Ao sinal das primeiras dificuldades, muitos desistem. E os que chegam até o fim do ano letivo, algumas vezes podem enfrentar a reprovação.
Na escola de André Paulo e Tainara, esse índice é altíssimo: 76% dos alunos matriculados no Ensino Médio em 2011 ou desistiram ou foram reprovados. “O abandono eleva este dado, o nosso índice de reprovação”, explica a diretora da escola, Rita Camargo Veiga.
Para o Secretário Estadual da Educação, José Clóvis Azevedo, as dificuldades destes estudantes revelam a deficiência de aprendizagem que começa na Educação Infantil. “Os setores mais vulneráveis socialmente entraram na escola, então há uma diferenciação social que precisa ser pedagogicamente tratada”, aponta Azevedo. “Por outro lado, este contingente populacional não passou pela Educação Infantil, então já entram no Ensino Médio com uma defasagem e tendem a serem reprovados”, conclui.
Na opinião da psicóloga Ana Lucia Pizzi, o mau desempenho não é causado somente pela baixa qualidade do ensino ou os problemas sociais: “Os alunos também têm que fazer a sua parte. É muito importante ir para a escola e estudar também dentro de casa”, afirma.
Com o tempo, os jovens acabam percebendo a importância de continuar os estudos. “Pelo menos 30% dos jovens acham que vale a pena continuar estudando, apesar de terem sido reprovados”, atesta Maria Beatriz Moreira Luce, professora do curso de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “Apesar de mais velhos, eles não desistem. Estão investindo na escola”.

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