quinta-feira, 21 de março de 2013

Alunos acusados de trote racista podem ser expulsos



MARCELO PORTELA - Agência Estado - O Estado de São Paulo - 19/03/2013 - São Paulo, SP
Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) podem ser expulsos da instituição por causa de um trote considerado racista e com apologia ao nazismo. Essa é uma das penalidades previstas pela comissão de processo administrativo-disciplinar criada nesta terça-feira pela universidade para apurar o caso.
O trote ganhou repercussão após estudantes divulgarem fotos em redes sociais da internet mostrando uma aluna pintada de preto, acorrentada e com um cartaz pendurado no pescoço com a inscrição `caloura Chica da Silva`. Era uma referência a Francisca da Silva de Oliveira, escrava alforriada que viveu com um rico comerciante de diamantes no século XVIII na atual Diamantina (MG). Uma segunda foto mostra um calouro amarrado a uma pilastra com estudantes fazendo a saudação nazista ao seu lado.
Segundo a assessoria da UFMG, a comissão, integrada por professores e funcionários administrativos da instituição, tem 30 dias para dar um parecer sobre o caso. A expulsão é a penalidade mais grave, mas o regimento da universidade prevê também a possibilidade de os estudantes receberem advertência ou serem suspensos por um período de dez a 30 dias.
A repercussão do trote também mobilizou diversas entidades. Aproximadamente 300 pessoas participaram na tarde desta terça de reunião promovida pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel) e pelo Movimento Mulheres em Luta (MML) no Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), localizado na Faculdade de Direito da UFMG. Os estudantes divulgaram uma carta de repúdio contra o trote `respaldado pelas diversas opiniões manifestadas pelo corpo discente`.
O documento afirma também que o Centro Acadêmico `repudia veementemente` também `o assédio virtual que tem recaído sobre os protagonistas das fotos`. `Devem ser respeitados os direitos individuais de todos os envolvidos`, afirma o texto. Nova reunião estava prevista para ocorrer na noite desta terça, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no campus da UFMG.
Na segunda-feira (18), a direção da universidade já havia divulgado nota, assinada pelo reitor Clélio Campolina e pela vice-reitora Rocksane Norton, na qual `repudia quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária, em particular aqueles relacionados aos chamados ``trotes`` aplicados aos novos estudantes`.

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